UMA ESPERANÇA E UM FUTURO

 

 

               Comecei a minha a vida a trabalhar num dos grandes armazéns de Londres, em Inglaterra. Sentia-me aborrecido, frustrado e sem saber o que fazer. Um dia, inesperadamente, apareceu-me um novo emprego. Parecia bom demais para ser verdade. Significava viajar, ganhar mais dinheiro e um futuro numa das mais prósperas empresas do Reino Unido.

               Bem, preparei-me o melhor possível com o meu único fato e fui à entrevista nos escritórios centrais da companhia, em Londres.

                Fizeram-me passar para um imponente salão de conferências, onde vários executivos, que pareciam prósperos, estavam à espera de falar comigo. Desde o princípio as coisas não correram bem. Estava completamente fora do meu ambiente, exposto como um jovem nervoso e imaturo, com grandes esperanças mas com baixas qualificações.

                Depois de cerca de 10 minutos, os meus inquisidores pediram-me que saísse e esperasse na sala ao lado. Depressa tocou o telefone e a recepcionista disse: “Sim senhor”, - e quando eu   pensei que era uma amável  olhadela na minha direcção, ela levantou-se e foi à sala de                     conferências. A porta tinha uma mola hidráulica e devido a isso demorou vários segundos a fechar completamente.

                Nesses poucos segundos consegui escutar algumas frases da conversa, enquanto os grandes homens  de negócios discutiam sobre o meu futuro.

                 Não foi difícil escutar: “o rapaz é muito nervoso”, “não tem nenhuma experiência”, “não é o que procuramos”… “necessitamos de alguém mais maduro”…

                Então a porta fechou-se e senti-me muito desapontado. Momentos mais tarde saiu a recepcionista e muito amavelmente disse-me: “Sr. Halford, pediram-me para lhe dizer que não temos nada disponível para si neste momento. Porém se aparecer alguma coisa, entraremos em contacto consigo. Obrigado pelo tempo de espera”.

                Eu já estava à espera, porque as frases da conversa escutada através da porta já me tinham preparado. Senti-me repelido, sem uma esperança ou um futuro. Sem esperança e sem futuro…que situação tão trágica ! Será que não nos sentimos todos assim algumas vezes ? Sentimo-nos como inúteis, uns falhados espirituais, indignos do nosso chamado.

                Sabemos que necessitamos “desempenhar melhor a nossa vocação” e estarmos numa “boa condição espiritual”, para obtermos uma melhor oportunidade de nos “aperfeiçoarmos” antes que seja “demasiado tarde”.

                Às vezes parece que a porta se está a fechar e sentimos como eu me senti, sentados na sala do lado, à espera que a machadada inevitável caia sobre nós.

                Agora suponham que em vez daqueles comentários negativos tivesse escutado: “Parece ser o tipo de pessoa que queremos”… “um pouco jovem, mas com energia”… “tem muito que aprender, mas penso que pode fazer o trabalho”…”gostei da sua aparência”…demos-lhe uma oportunidade”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                Quão diferente me teria sentido enquanto esperava ! Assim é como Deus quer que nos sintamos. Longe de ter as portas fechadas ao nosso futuro, Deus está a abri-las…Jesus Cristo irrompeu através delas arrancando-as pelas dobradiças.

                Ele trouxe as boas novas do reino de Deus, do perdão do pecado e da reconciliação entre Deus e a Sua criação e as surpreendentes novas de que “todo aquele que nele crê não morrerá, mas terá sim a vida eterna”. Ele não nos disse tudo o que ainda tem em mente para nós, todavia as frases de conversação que escutamos são muito encorajadoras: “Eu vim para que tenham vida…”, “vou preparar um lugar para vós…”, “em casa de meu Pai há muitas moradas”, “Pai, quero que todos os que me deste estejam onde eu estou”…”Não temas pequeno rebanho, porque é do agrado do Pai dar-vos o reino…”.

                Certamente soa como se já tivéssemos o emprego. Não necessitamos ser suficientemente bons. Não é necessária experiência, excepto ser um pecador arrependido. Toda a pessoa que preencha um requerimento é aceite, sem importar qual tenham sido os seus antecedentes. Todos sentirão que são bem-vindos e necessários.

                Deste modo, já que temos um emprego também podemos começar o trabalho de imediato. Não é necessário apresentar qualquer formulário antecipadamente. Este mundo com as suas formas já nada nos deve, enquanto o reino está temporariamente com falta de pessoal. “A colheita é grande mas os trabalhadores são poucos”, disse Jesus. Há muito trabalho para fazer agora.

                Enquanto esperamos a plenitude do reino, podemos mostrar aos nossos amigos e vizinhos que eles também são amados e aceites, e que eles também podem ter uma esperança e um futuro.

 

 

Original: John Halford, 2007-02, “Una esperanza y un futuro”

Tradução: Manuel Morais, 2007:03